quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Helena

HELENA
Era final de julho e acontecia a festa de Santana, padroeira daquela cidadezinha. Uma barraca cobria uns vinte metros da rua lateral da igreja matriz. Uma mesa no centro, feita de tábuas apoiadas em cavaletes, ocupava quase toda a extensão da barraca. Sobre ela ficavam as prendas que premiavam os ganhadores do bingo que acontecia todas as noites daquela semana em que acontecia a festa. Nas laterais da barraca, uma fileira de tábuas propiciava uma espécie de balcão, onde as pessoas apoiavam as cartelas e, outra, mais baixa, servia de banco para que os jogadores se sentassem. Essa barraca era o ponto mais freqüentado da festa, que por sinal, não era muito movimentada.
Em uma das pontas da barraca, do lado da avenida, havia uma barraca pré-montada, onde vendiam salgados, vinho quente, quentão, chocolate quente com ou sem conhaque, etc.
Na avenida, aos fundos da igreja, uma carreta do tipo bau, adaptada como palco, com equipamentos de iluminação e sonorização, onde aconteciam shows de alguns conjuntos e duplas sertanejas. Algumas barracas montadas na avenida, vendiam lanches, bebidas, churrasquinho, churros, kreeps, roupas, bijuterias, etc. Eram poucas, não passando de dez.
Durante a semana, o movimento era muito pequeno e a maioria dos freqüentadores se dedicava a jogar bingo.

No sábado, ela chegou na festa por volta das oito horas da noite. Caminhando entre as barracas, teve a atenção despertada pelo proprietário de uma delas, que vendia roupas, acessórios e bijuterias. Passou por ela, foi até a última, voltou, parou e perguntou o preço de uma pulseira. Enquanto manuseava a pulseira, verificando-a; apareceu um amigo que também era conhecido do dono da barraca.
Cumprimentaram-se e, o amigo, comentou sobre um acidente ocorrido na estrada, próximo da cidade, onde um rapaz, morador da cidade, havia caído com o carro em um barranco, morrendo. Outros acompanhantes haviam ficado feridos. A conversa girou em torno do motivo aparente do acidente: o motorista estaria bêbado ou drogado.
Os três conversaram durante algum tempo. O amigo se despediu dos dois e foi embora. Ela continuou conversando com o dono da barraca. Contou que tinha um namorado, por quem era apaixonada; que tinha um amante, mais velho, a quem amava muito. Disse que tinha trinta e dois anos, que já fora casada e que tinha quatro filhos, três dos quais, moravam com o marido e a outra, com ela. Ela morava em um sítio, há uns cinco quilômetros da cidade, com a mãe e uma irmã, onde eram caseiras.
O homem contou que sua família era de São Paulo, que morava naquela região há doze anos e que, depois da separação do último relacionamento, morava sozinho alí na cidade. Tinha cinqüenta e sete anos e vinha se dedicando a vender produtos como os que estavam na barraca.
Depois de algum tempo, ele foi até a barraca vizinha, onde vendiam sanduiches e bebida, comprou duas latinhas de cerveja e continuaram a conversa, entre um gole e outro, até que ela decidiu ir dar uma volta, prometendo voltar mais tarde.
Ela foi até um posto de gasolina desativado que ficava na estrada, na saída da cidade, onde funcionava um restaurante e, à noite dos finais de semana, havia baile, o chamado forró. Ficou por lá, dançando, conversando e bebendo, até o final, quando foi dormir na casa de uma amiga.
A amiga estava completamente bêbada, tanto é que fizera xixi na calça. Ela também estava bem alta e, ambas, entraram no quarto da amiga cambaleantes, deitando-se de roupa, sem mesmo tirar os sapatos.
Acordou, sentindo o peso da ressaca, observou a amiga dormindo, a mancha na calça denunciando que tinha se mijado. Olhou para sua própria, para verificar se não havia feito o mesmo e sentiu alívio ao notar que estava seca. Ajeitou-se o melhor que pode, passou os dedos pelos cabelos e foi para casa.
O homem da barraca não lhe saia do pensamento. Lembrou do namorado, do quanto o amava e pensou no que ele poderia Ter feito na noite anterior. Considerou que ele deveria Ter estado com alguma vagabunda e isso lhe despertou ódio. Sentiu vontade de agredí-lo, pensou que poderia tê-lo pego em flagrante e dado uma surra na vagabunda que estivesse com ele.
Voltou a pensar no homem da barraca. Será que ele teria ficado com alguma mulher, no final da festa? Ele era atraente e, com tanta biscate circulando por lá, dificilmente ele dormiria sozinho. Sentiu o ódio dominá-la novamente.
Pensou no amante, que tinha um sítio nas proximidades, mas que morava com a família em São Paulo. Ele, agora, deveria estar com a mulher, fazendo amor com ela. Novamente o ódio a dominou.
Chegou em casa, ouviu a ladainha da mãe reclamando por ela Ter passado mais uma noite fora, criticando seu comportamento, a falta de responsabilidade com o trabalho e coisas do tipo. Disse que não estava afim de ouvir encheção de saco, meteu-se na cama e dormiu até o final do dia.
Acordou, levantou e foi tomar banho, ouvindo a ladainha da mãe, reforçada pela irmã e pela filha, que a acusavam de irresponsabilidade, de não lhes dar importância, de não se preocupar com elas, de se expor a ficar falada pela vida boêmia que levava.
Em baixo do chuveiro, a água escorrendo por seu corpo e ela imaginando que era tocada, ora pelo namorado, ora pelo amante, ora pelo homem da barraca. Foi despertada desses pensamentos pela irmã que batia na porta, perguntando se ainda estava viva.
Enxugou-se, saiu envolta na toalha, berrou uns xingamentos contra a três, exigiu que parassem com a ladainha e foi para o quarto vestir-se. Não estava em condições de sair naquela noite. O peso da ressaca ainda era forte. Vestiu uma calça de agasalho e uma camiseta e foi para a cozinha jantar. A ladainha continuava, ela deu mais uns berros, que fizeram a irmã e a filha se calar. A mãe, continuou resmungando, no canto mais afastado, como temendo ser agredida.

Ela era responsável pela manutenção e limpeza da casa do patrão e cuidar dos cachorros, quase vinte vira-latas. A irmã cuidava do sítio, cuidando das poucas cabeças de gado, roçando a grama, cuidando do pomar, etc. A filha trabalhava com um tio, há uns quatro quilômetros dali, fazendo queijo. A mãe cuidava da casa.
Na Sexta-feira, no começo da noite, como de costume, ela tomou banho, se vestiu, desceu até a estrada e, se não conseguindo carona, pegou o ônibus das oito para ir para o forró.
O movimento no forró só começava por volta das dez horas. O último ônibus passava as oito, por isso ela era obrigada a chegar mais cedo e fazer hora até o início do movimento. Deu uma volta pela cidade, comeu um salgado em uma padaria e andou lentamente até o forró, pensando em se o namorado apareceria por lá, o que raramente fazia; ou se o homem da barraca é que apareceria. Desejou que o namorado não aparecesse para Ter oportunidade de ficar com o homem da barraca. Será que ele apareceria?
A música tocando, o salão vazio, ela pediu um bombeirinho, pinga com groselha, e ficou bebericando pelo canudinho. Os ponteiros do relógio na parede pareciam estar sonolentos, o tempo não passava. Ela conversava com o balconista, andava até a porta, ia até o banheiro, voltava para junto do balcão, voltava até a porta e nada. Nem o namorado nem o homem da barraca apareciam.
Começaram a chegar as primeiras pessoas, todos conhecidos, alguns cumprimentos, umas palavras comuns, outras com outros, o tempo passando, mais gente chegando, mas nem o namorado, nem o homem da barraca.
Pediu mais um bombeirinho, alguns casais já dançavam no salão. Um bêbado convidou-a para dançar, mas ela se recusou. Foi dançar com uma amiga. Ao final da música, foram até o banheiro. Quando voltou, o homem da barraca estava ali, conversando com um conhecido. Logo depois ele foi até a porta, acendeu um cigarro, foi até o balcão e pediu uma cerveja, pegou-a e foi se encostar a uma coluna, observando os casais dançando.
Ela foi até ele, cumprimentaram-se, ela ofereceu o bombeirinho, ele tomou um gole, ela tomou um gole da cerveja dele, conversaram um pouco e, na próxima música foram dançar. Dançaram até de madrugada, bebendo, ele em pequenos goles, ela em goles maiores.
Quando quase todos já haviam ido embora, ela estava bastante bêbada. Ele se ofereceu para levá-la em casa. Levou-a até o carro, abriu a porta e instalou-a no banco do carona. Quando se sentou ao volante, ela dise que queria vomitar. Ele abriu a porta dela, que se esticou pra fora e vomitou. Ele considerou que não seria razoável levá-la naquele estado para casa e se prontificou a fazer-lhe companhia até que melhorasse. Levou-a até sua casa, fez um café bem forte e deu-lhe para beber. Ela estava muito ruim e quase não conseguiu tomar o café. Voltou a vomitar. Já estava quase amanhecendo quando ele resolveu levá-la pra casa. Havia melhorado um pouco, mas ainda estava bastante mal. Parou na porteira do sítio, trocaram um beijo, ela desceu e ele foi embora.
Enquanto estavam no forró, antes dela ficar bêbada, ela lhe dissera que pretendia ir na casa do namorado, no dia seguinte. Que onde ele morava, não era longe, mas não havia condução pra lá, o que a obrigava a pegar um taxi. Pediu-lhe se ele não poderia levá-la, que ela pagaria. Ele se prontificou a atender o pedido.
No dia seguinte, pegou-a na estrada, como combinado. Ela se desculpou pelo acontecido na noite anterior, alegando que não costumava se embriagar, que fora um exceção. Passaram em um mercado. Onde ela comprou refrigerante e algumas latas de cerveja. Ela abriu uma para cada um e se dirigiram para o lugar onde o namorado morava.
No caminho, ela perguntou sobre o que ele havia achado do beijo que haviam trocado na noite anterior. Ele disse que fora bom, mas que ela não deveria Ter gostado. Que ele sentira isso. Ela deu uma risadinha e disse que, ao contrário, havia gostado muito.
Chegaram em frente ao sítio onde o namorado morava e ela pediu que ele fosse mais para a frente, onde havia um lugar mais fácil para manobrar o carro. Ao chegar ali, pediu que ele parasse e lhe ofereceu um beijo. Beijou-o com tanta sofreguidão que ele perdeu até o fôlego. Ela, como quem estivesse com medo de não resistir, querendo mais, sugeriu que ele a deixasse na casa do namorado.
Ela estava excitadíssima. Cumprimentou a sogra e a cunhada, entregou-lhes a bebida e a carne que trouxera e ficou conversando com elas junto ao fogão de lenha, onde a sogra preparava a janta.
Por ali não é comum a demonstração de carinho em público, por isso ela não abraçou nem beijou o namorado. Logo depois ele disse que iria até o bar, jogar bilhar com os amigos.
Ela saiu até o terreiro e intimou-o a não ir. Disse que ele não iria jogar bilhar, nada; que iria se encontrar com alguma biscate. Disse estar excitadíssima e querendo fazer amor, por isso ele deveria ficar e satisfaze-la, ao invés de ir se encontrar com os amigos. Ele alegou que não poderia deixar de ir porque já havia combinado. Que não demoraria e que, de qualquer maneira, só poderiam fazer amor quando todos já tivessem ido dormir.
Ele foi caminhando em direção à porteira e ela ia atrás, cobrando atenção, acusando-o de trocá-la por uma biscate, de não considerar que ela viera até ali para ficar com ele, que a deixava sozinha. Ele continuou andando e, ela, atrás, reclamando.
Ao chegarem na porteira, ele prometeu que voltaria logo, que não haveria nenhuma mulher, que só encontraria os amigos com quem havia combinado, jogaria uma partidas e voltaria. Ele seguiu pela estradinha e ela ficou junto à porteira, xingando, reclamando, se lamentando, até vê-lo sumir na curva. Voltou para a casa, onde recebeu a solidariedade da cunhada e a contemporização da sogra, que alegava que ele não sabia que ela viria e que, por isso, tinha marcado de jogar bilhar com os amigos. Que logo estaria de volta.
Quando ele voltou, a mãe e a irmã já estavam dormindo. Ela o esperava junto ao fogão de lenha e recebeu-o com acusações de que estivera com outra mulher, que não lhe tinha a menor consideração, que ele não valorizava o amor que ela lhe dedicava; uma ladainha de acusações, reclamações e lamentações.
Ele já estava acostumado ao jeito dela, suas cobranças, destemperos, xingamentos e tudo o mais. Era de pouca fala e estava meio bêbado. Decidiu ir para a cama e deixa-la falando sozinha.
Ela foi atrás dele, deitou-se, passou a acaricia-lo, beija-lo até que fizeram amor. Ele lembrou-a de que a mãe não achava certo que dormissem juntos, pedindo-lhe que fosse para a cama que lhe estava destinada. Ela ainda demorou quase uma hora, agarrando-o, beijando-o, colocando as pernas sobre ele; até que, finalmente, foi para sua cama.

Na sexta-feira seguinte, lá estava ela no forró, na expectativa de encontrar o homem da barraca. Ela nunca sabia se o namorado iria aparecer ou não, mas preferia que, naquela noite, aparecesse o homem da barraca e, não, o namorado.
A ansiedade dificultava a passagem do tempo. Como ele não chegasse, ela considerava que estaria com outra mulher. Não considerava que pudesse ter se atrasado no trabalho, que estivesse conversando com amigos ou qualquer outro motivo. Ela só considerava a possibilidade de que estivesse com outra mulher.
Quando ele chegou, a ansiedade empurrou-a e ela foi encontrá-lo na porta. Ofereceu-lhe a latinha de cerveja de que bebia, ele tomou um gole, ela puxou-o para o salão e começaram a dançar. Enquanto dançavam, perguntou-lhe sobre o motivo do atraso. Ele disse que não se atrasara, simplesmente chegara na hora que pretendera.
Quando ela fora até o banheiro, ele foi dançar com outra mulher. Quando ela voltou e o viu dançando, olhou-o como se ele estivesse cometendo o maior crime do mundo. Ela não disse nada, mas não desgrudou dele até a hora de irem embora.
Ele a levou até em casa, quando ela declarou que estava gostando dele e que pensava em deixar o namorado. Que o amante, ela já havia deixado. Ele protestou, alegando que não tinha intenção de assumir um compromisso. Que ela deveria continuar com o namorado e que, nem deveria ter deixado o amante por sua causa. Ela insistiu em que estava decidida a dedicar-se exclusivamente a ele. Ele continuou protestando, mas ela continuava afirmando sua pretensão. Beijaram-se, fizeram amor e ele foi embora, depois de prometer que a encontraria no forró no dia seguinte.
Quando, no sábado, ele chegou no forró; ela estava de plantão, esperando-o. Começaram a dançar e, durante a segunda ou terceira música, ela disse que o namorado acabara de chegar. Ele incentivou-a a ir encontrá-lo e ficar com ele.
O homem da barraca ficou mais algum tempo por ali, dançando com outras mulheres. Ela ficou com o namorado, mas de olho no outro, com ódio das mulheres que dançavam com ele. Estava com o namorado porque queria, mas pretendia que o outro se mantivesse afastado das mulheres, mesmo que fosse só dançando. Sentia-se traída.
Depois de algum tempo, o homem da barraca foi embora e ela ficou com o namorado. Viu-o sair sozinho, mas imaginou que deveria ter marcado encontro com alguma mulher fora dali.

No domingo, ao chegar no forró, o homem da barraca encontrou-a a espera, com ar de reprovação. Recriminou-o por ter dançado com outras mulheres, na noite anterior, querendo saber com quem ele saíra. Ele alegou que não tinham qualquer compromisso, que sua relação era de amizade. Que ela tinha o direito de fazer o que quisesse, com quem quisesse; o mesmo acontecendo com ele.
Ela argumentou que só estava esperando uma oportunidade para terminar com o namorado, enquanto isso, ele deveria ser fiel a ela.
Ele discordou, defendendo que ela deveria continuar com o namorado, a quem amava, que a amava também e que, ele, não poderia oferecer-lhe mais que amizade. Que já a prevenira de que não deveria desfazer o namoro, muito menos dedicar-se a ele totalmente.
Ela insistiu em que tinham um compromisso e que ele lhe devia fidelidade. Ele não acreditava no que estava ouvindo: ela ficara com o namorado, demonstrando carinho e amor, e cobrava dele fidelidade. Ela não deveria bater bem da cabeça!
Como ela insistisse em que ele lhe devia fidelidade; ele lhe disse que, então, não poderiam nem manter a amizade. Que ela o esquecesse e se dedicasse ao namorado. Que ele estava sozinho e pretendia continuar assim, descompromissado. Deixou-a ali e foi dançar.
Ela o fulminava com o olhar, fazendo o mesmo em relação à mulher que dançava com ele. Ao final da música ele saiu para o pátio para fumar um cigarro e ela foi atrás. Recomeçou o sermão de críticas e cobranças. Ele se afastou, mas ela seguiu-o. Percebendo que ele não cedia, mudou de tática. Disse que o amava e que o ciúme era mais forte que ela. Pediu desculpa e que ele a compreendesse, procurando não despertar seu ciúme. Prometeu comportar-se, pedindo-lhe que respeitasse seu sentimento.
Ele argumentou que respeitava seus sentimentos, compreendia que o ciúmes tem uma força terrível, mas que ele não poderia ser penalizado, ter a sua liberdade cerceada, pagar por culpas que não tinha. Que o melhor é que se afastassem, eliminando o problema pela raiz, evitando que ela sofresse por algo que não tinha condições de se realizar.
Ela pediu que ele tivesse paciência com ela, prometeu não perturbá-lo, pediu que lhe desse uma chance de demonstrar que poderia ser diferente.
Ele argumentou que não via possibilidade de que viessem a ter um relacionamento amoroso, portanto, seria inútil insistir. Que o melhor era ela continuar com o namorado, a quem amava, evitando o mal que aquela amizade estava causando.
Ela parecia não ouvir a argumentação dele e insistia em que deveriam tentar um relacionamento, sem compromisso, esperando que ele a amaria. Já não era mais um pedido, era uma súplica!
Ele percebeu que seria difícil convencê-la do contrário. Considerou que aquilo pudesse ser mais fruto do amor próprio, dela, ferido, do que amor propriamente dito. Que o amor dela, pelo namorado, acabaria prevalecendo, possibilitando que o que sentia, agora, se desvanecesse.
Ela pediu que a levasse embora. Ao chegar onde ela morava, abraçou-o e beijou-o com sofreguidão e o sexo foi inevitável.
O comportamento dela era tão ostensivo que, num lugar pequeno como aquele, era impossível que o namorado não ficasse sabendo que ela estava se relacionando com o homem da barraca. No entanto, até ali, parece que ele não soubera ou não quisera saber.
Aquela situação foi se prolongando, ela ficando com o homem da barraca quando o namorado não aparecia e com o último, quando dava o ar da graça. Era uma situação tragicômica, ela continuava com o namorado, mas cobrava fidelidade do amante. Acreditava que tinha esse direito e não havia quem a convencesse do contrário. Quando ficava com o homem da barraca, não demonstrava a menor preocupação de ser vista com ele, ao contrário, demonstrando que pretendia que todos soubessem que havia um relacionamento entre eles.

Mais de dois meses se haviam passado e o homem da barraca não conseguira se livrar dela.
Numa noite, o namorado apareceu no forró e ela foi ficar com ele. No entanto, a situação estava insustentável e ele decidiu acabar com o namoro. Ela, que vivia dizendo estar esperando uma oportunidade para terminar com ele, demonstrou claramente que ficara contrariada. O homem da barraca instigou-a a conversar com o namorado, buscando a reconciliação. Ela não aceitou e ele percebeu que o problema tenderia a se agravar.

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