quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Allende

ALLENDE
04/01/06
Acabei de ler uma entrevista da Isabel Allende, na revista Plaiboy. Ela é sobrinha do ex-presidente do Chile, Salvador Allende, que morreu ao ser deposto por um golpe militar. Como a revista é velha, faltando capa e algumas folhas, não sei a época em que essa entrevista foi feita.
Mulher de cinqüenta e sete anos de idade (à época da entrevista), que nasceu e viveu no Chile até que se exilou na Venezuela, por causa da ditadura que se implantou naquele pais, por Augusto Pinochet, que depôs seu tio Salvador Allende. Teve um casal de filhos com o primeiro marido, um engenheiro Chileno. Começou a escrever aos trinta e oito anos. Seu primeiro livro: A casa dos espíritos, foi iniciado pela escrita de uma carta que escreveu ao avô, quando soube que estava à beira da morte, no Chile.
No Chile, foi jornalista, trabalhando em duas revistas e tendo um programa semanal de televisão. Suas características principais, segundo ela, eram o humor e o fato de ser feminista. Alegou que não era uma boa jornalista porque colocava suas próprias opiniões nas matérias que produzia.
Fiquei impressionado pela semelhança entre a sua personalidade e a minha, além de que, na época da entrevista, ela tinha a mesma idade que tenho agora. Ela foi uma alienada política até seu exílio na Venezuela. Começou a escrever em idade já bem madura. Depois de várias experiências amorosas, concluiu que a monogamia, entre um casal apaixonado, é a melhor coisa que pode acontecer a uma pessoa. Ela acredita que o ponto G está na cabeça e não em qualquer ponto erógeno considerado pelos sexólogos. Separou-se do marido após vinte e cinco anos de casamento. Casou-se com um americano, com quem vive até hoje, nos Estados Unidos. Outro ponto em comum diz respeito à religiosidade, ela, como eu, não encontrou em nenhuma religião coerência em idéias, não conseguindo aceitar os dógmas que as orientam. Que uma grande inteligência e uma extrema capacidade criou o mundo, no entanto, considera impossível uma explicação humana para isso. Ela não tem problemas de saúde e come de tudo sem maiores preocupações.
Em 1991 sofreu um duro golpe, perdendo a filha de vinte e oito anos, que morreu após um ano em coma. (tomara que eu não passe por isso!)
Senti uma afinidade muito grande com ela, em muitos pontos, principalmente nos valores. Um ponto interessante de sua personalidade, é o fato de que, sendo uma feminista, se declarou uma gueixa no relacionamento familiar; mostrando que ideologias não são prisões, permitindo que o bom senso nos permita contradizê-las, em casos particulares em que isso se justifique; sem termos que abrir mão do que defendemos.
A leitura dessa entrevista me provocou a escrever reminiscências de minha vida, o que já tentei algumas vezes, em vão. Tenho muito poucas coisas na memória sobre meu passado, no entanto, vou tentar novamente.

Um comentário:

Unknown disse...

Comecei a ler a estória do Juca e parei porque no momento não havia tempo de fazê-lo. Fui passando, passando e cheguei a Allende. Quero cumprimentá-lo por aquilo que escreveu sobre esta figura maravilhosa que é Isabel Allende. Tive oportunidade de conversar longamente com ela e nem se percebe em tempo algum sua grandiosidade e sua capacidade em escrever,haja-vista o livro que se tornou filme de sucesso. Parabéns e siga escrevendo, que é muito bom LÊ-LO. Abs, Laert.