quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Amor rodoviário

O ônibus seguia pela estrada de terra, deixando uma nuvem de poeira para traz.
Ele ia sentado no primeiro banco, na frente do ônibus, olhando a grande planície, a faixa plana e reta de terra marrom avermelhada por onde o ônibus avançava. Não se cansava de admirar a quantidade e variedade de pássaros, naquela região. O calor era forte, perto de quarenta graus, provocando suor nos passageiros e motorista.
Em corixos, à beira da estrada, avistava jacarés e capivaras. Estava estasiado com a fauna e flora daquela região.
No começo da viagem, conversara com um senhor que se sentara a seu lado, embora a pouca quantidade de passageiros lhe possibilitasse ocupar um banco isolado. O homem era do tipo que não consegue ficar calado, por isso se sentara com ele, para poder conversar. Disse que morava numa fazenda a beira da estrada em que seguiam. Era criador de gado e fôra à cidade para acertar umas contas e comprar umas coisinhas.
Percebendo que o homem carregava uma sacola plástica com verduras, nosso personagem lhe perguntou:
-Estou vendo que o senhor comprou verduras na cideade. Vocês não tem uma horta na fazenda?
- A gente cria o gado solto. Além disso, criamos umas galinhas também, que ficam soltas no terreiro. Para fazer uma horta, seria necessário cercá-la, para que os animais não comessem as verduras. Como a gente só come verdura de vez em quando, não vale a pena o trabalho. Quando a gente vai na cidade, como agora, compra um pouco de verdura e algumas frutas.
O homem falou sobre gado, pescarias, caçadas, enchentes; sobre sua famíolia, em fim; emendava um assunto no outro, demonstrando a impossibilidade de manter a boca fechada. Depois de duas horas de viagem, o homem se despediu e pediu ao motorista parar na entrada de uma estradinha que saia da principal. Despediu-se dos passageiros com um gesto de mão, desejou boa viagem, desceu e pôs-se a caminhar pela estradinha.
Por volta do meio dia, o ônibus chegou à barranca do rio Paraguai, onde estacionou para esperar a balsa, que deveria estar na outra margem. O rio era tão largo, que não era possível ver a margem oposta.
Ao lado da estrada, havia um barraco, para onde se dirigiram os poucos passageiros e o motorista. Era um bar e, para surpresa do nosso personagem, havia cerveja gelada. Ele ficou admirado porque não havia energia elétrica na região. No entanto, havia, ali, um gerador com motor diesel, que alimentava de enegia elétrica o barracão. Tomou cerveja e comeu postas de peixe frito, que estavam deliciosos. Naquele calor, com tanta poeira; aquele barracão era um verdadeiro oasis. Quando a balsa chegou, ele já havia tomado duas cervejas e comido várias postas de peixe. Embarcou no ônibus e, quando este deixou a balsa, na outra margem; ele já estava dormindo.
Ele comprara a passagem em Corumbá, com destino a Sorocaba. A viagem de Corumbá a Campo Grande, era feita no ônbus em que viajava. Em Campo Grande, teria que se baldear para outro, que completaria a viagem.
O primeiro ônibus se atrazou durante a viagem e, quando chegaram em Campo Grande, o ônibus que ele deveria pegar ali já havia partido. Elçe se dirigiu ao guichê da empresa, onde providenciaram para que ele embarcasse num ônibus de outra companhia, que partiria dali a pouco tempo. Quando se afastava do guichê, oluviu que a moça que aguardava, enquanto ele era atendido, havia sofrido o mesmo problema.
Passou num bar, tomou um café, dirigiu-se à plataforma de embarque, subiu no ônibus e se acomodou na poltrona cujo número constava na passagem. Logo depois, a moça que vira no guichê, sentou-se a seu lado. Eram nove horas da noite e teriam onze horas de viagem pela frente.
O ônibus saiu da rodoviária, atravessoa a cidade e entrou na estrada. Nosso personagem estava com o braçõ sobre o descanso entre os dois assentos, quando sua companheira de viagem colocou o seu sobre o dele. Virou a cabeça para olhá-la e viu que ela o fitava. Sentiu a mão dela segurar a sua, apertando-a suavemente, enquanto um leve sorriso aparecia no seu rosto sob a penumbra em que se encontravam.
Ela lhe disse que viajara no mesmo ônibus que ele, de Corumbá a Campo Grande; que o observara durante toda a viagem, inclusive no barracão as margens do rio Paraguai, mas que ele não a notara. Disse que ele a impressionara e que, como ele não lhe prestara atenção, esforçou-se para vencer a timidez e tomou a iniciativa. Disse que era professora e que estava aproveitando as férias para visitar uns parentes. Enquanto falava, acariciava a mão dele, olhava-o nos olhos, profundamente, demonstrando grande atração.
Quando ela lhe perguntou, ele disse que estava fazendo aquela viagem para refrescar a cabeça, que andava muito tumultuada nos últimos tempos. Que fôra de trem até Corumbá, visitara Puerto Soares na Bolívia e, agora, estava voltando para casa.
Enquanto falava, ele observava o rosto dela, moreno, redondo, cabelos e olhos pretos e uma boca com lábios carnudos, úmidos, entreabertos, como se esperassem ser beijados. Ela foi aproximando a cabeça da dele e ele fez o mesmo, até que os lábios se encostaram, roçaram-se, as bocas se abriram, as linguas se encontraram e aconteceu um beijo ardente, como se as bocas estivessem incendiadas.
As mãos de um buscaram o corpo do outro. Primeiro a cabeça e nuca, depois, a mão dele desceu sobre o seio dela, acariciando-o por cima da blusa. A mão dele desceu até a cintura dela, enfiou-se por baixo da blusa e subiu até o seio, enfiando-se por sob o soutiem, massageando-o e acariciando o mamilo com a palma da mão.
Ela enfiou a mão sob a camiseta dele, acariciou-lhe o peito, desceu até a barriga, desabotoou a calça , desceu o ziper e enfiou a mão sob a cueca, pegou seu pênis e passou a acariciá-lo carinhosamente.
O banco do outro lado do corredor estava vazio, o que lhes propiciava relativa privacidade. Ele deslizou a mão até as costas dela e soltou o fecho do soutiem, voltou a mão para a frente, empurrou o soutiem para cima livrando o seio. Levantou-lhe a blusa e passou a beijar o seio, acariciando-o e chupando o mamilo.
Ela se contorcia, pressionava a cabeça dele contra o seio com uma mão, enquanto a outra lhe acariciava o pênis. Girou um pouco o corpo, dirigindo a boca dele para o outro seio.
Enquantop beijava e chupava um seio, ele acariciava o outro com uma mão, enquanto enfiava a outra sob a saia, acariciando as coxas. Enquanto sua boca percorria o seio firme e macio, a mão sob a saia tocou a calcinha. Ela escorregou um pouco no banco e abriu as pernas. Ele acaricou a vulva, sobre a calcinha, que estava toda molhada. Os dedos deslizaram pela lateral, introduzindo-se sob a calcinha, deslisando sobre os pelos e roçando os grandes lábios que pareciam em brasa, deliciosamente úmidos.
Ela puxou a cabeça dele em direção a sua, as bocas se uniram, as linguas se encontraram, roçando-se num beijo frenético, entre gemidos abafados.
Ele introuduziu o dedo médio entre os grandes lábios, movimentando-o vagarosamente para cima até o clitoris e para baixo até o anus, alternando o movimento, provocando estremecimentos no corpo dela, que se contorcia no assento.
Ela girou o corpo, escorregou no banco até os joelhos tocarem o chão e introduziu o pênis dele na boca, massageando-o com a língua e acariciando-o com os lábios, enquanto as mãos lhe acariciavam a barriga, os pelos e as coxas.
Ele segurava seus seios e massageava sua nuca, enquanto ela fazia o pênis deslizar, entrando e saindo em sua boca.
Ela voltou ao assento e tirou a calcinha, virando-se de lado, com a bunda voltada para ele. Ele introduziu o pênis na vagina, por trás e iniciou movimentos para dentro e para fora, suavemente, enquanto ela se contorcia e mordia o encosto de braço para abafar os gemidos.
Enquanto ele movimentava o pênis na vagina dela, massageava os seios, pressionando-os e rotacionando os mamilos para um lado e para o outro. Chegaram ao orgasmo, apertando os lábios para impedir os gemidos que se formavam na garganta e explodiam na cabeça.
Recompuseram as roupas, ajeitaram-se nos assentos, encostados um ao outro e se entregaram ao torpor.
Ele despertou ouvindo um sussurro. Abriu os olhos e percebeu que as luzes internas do ônibus estavam acesas. A moça lhe acariciava o rosto com tremenda ternura. O ônibus havia chegado à primeira parada, depois de quatro horas de viagem.
Desceram, dirigiram-se ao banheiro e se encontraram no salão do restaurante. Comeram sanduiches de churrasco e tomaram cerveja.
Ele perguntou a ela se não havia dormido e ela respondeu que não tivera sono e aproveitara para desfrutá-lo, enquanto dormia como uma criança; acariciando-o e sentindo enorme ternura.
Ela confessou estar totalmente apaixonada. Disse acreditar que o amor é uma coisa que acontece, independente de nossa vontade. No entanto, no caso dele, havia um detalhe que pode Ter contribuido para que ela se sentisse tão atraida: era diferente da maioria dos homens, que não perdiam oportunidade de flertar uma mulher. Embora houvesse algumas mulheres no ônibus que os trouxera de Corumbá; ele não mostrara qualquer interesse em flertar com nenhuma, mantendo-se isolado, absorvido na contemplação da paissagem. Ela disse Ter chegado a considerar que ele poderia ser gay. Argumentou que a maior prova da paixão que estava sentindo, era Ter conseguido vencer sua timidez, que era muito grande; tomando a iniciativa, abordando-o
Ela perguntou a ele se a considerava uma mulher vulgar, por Ter procedido daquela maneira. Ele confessou que, a princípio, julgara-a assim. No entanto, observando sua expressão, antes de se terem beijado, sentiu que não se tratava disso. Ela demonstrava grande emoção e ele ficou surpreendido. Foi tomado pela emoção e se entregara à relação como resultado natural, sem intenções libidinosas. O tesão aconteceu como pura conseqüência.
Terminado o lanche, dirigiram-se para o ônibus, que já se preparava para partir. Acomodados nos assentos, continuaram a conversa. Ela perguntou se ele acreditava que o que disseram, era verdadeiro ou não passava de tentativa de justificar o acontecido, esforçando-se para esconder que tudo não passara de desejo sexual.
Ele disse acreditar que fôra sincero ao declarar o que sentira. No entanto, admitiu que o inconsciente costuma nos pregar peças, fazendo-nos agir acreditando que temos total domínio sobre nós mesmos, quando no entanto, fomos induzidos a agir assim por motivos de que não temos consciência. Alegou que acreditava no que ela dissera, embora fosse obrigado a considerar a possibilidade de que tenha agido movida pelo inconsciente.
Discutiram esse tema durante muito tempo, concluindo que se a verdade fôra falsificada, não o fôra conscientemente;
Um dos argumentos que ele usou para justificar sua sinceridade, foi o fato de se sentir muito bem, tendo verdadeiro prazer em desfrutar da companhia dela. No entanto, esse sentimento não era suficiente para que ele desejasse a continuidade daquele relacionamento.
Por sua vez, ela declarou que o que sentia era mais que suficiente para desejar não se afastar mais dele. No entanto, sabia que um relacionamento exige que os dois desejem permanecer unidos; que quando esse desejo é unilateral, não há como acontecer a continuidade.
Passaram o resto da viagem conversando, como bons amigos, trocando carinho.
Ele desembarcou em Sorocaba, enquanto ela seguiu viagem até São Paulo.

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