quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Falsidade

FALSIDADE
A literatura e as artes tem mostrado a capacidade interpretativa das pessoas para, fazendo-se de bondosas, compreensíveis e humanas; tramar as mais sórdidas situações com o objetivo de conseguir o que pretendem. Nada os detém, usam pessoas como combustível para movimentar a máquina de suas armações, sem escrúpulos, sem piedade, sem a menor consideração por quem quer que seja. Passam sobre as pessoas como um trator que compacta o lixo. Porém, não se expõe, mantêm-se anônimas ou aparecem como prestadores de solidariedade, aparentando desejo de ajudar aos que sofrem sua ação. A hipocrisia é sua maior qualidade. Conseguem fazer crer que são santos, quando não passam de verdadeiros demônios; solidários, quando são tomados pelo mais extremado egoísmo; himildes, camuflando a mais ampla prepotência que se possa imaginar. Verdadeiros camaleões, capazes de se adaptar às mais variadas situações, interpretando com perfeição o papel mais conveniente e convincente para cada ocasião.
Boa parte desses hipócritas, ao terem suas maquinações descobertas, tem sempre uma justificativa convincente para defender que agiram com altruísmo, para ajudar alguém ou para castigar a quem acusam de responsáveis pelas maiores maldades. Têm uma capacidade incrível para arquitetar planos diabólicos, providenciar sua execução, além de possuir um talento extraordinário para interpretar.
Uma novela mostrou uma avó que queria que os netos, uma moça e um rapaz, se comportassem como a mãe deles, com glamour, ostentação e toda interpretação exigida pelas convenções da alta sociedade. Como o Neto tivesse se apaixonado por uma moça pobre, vendedora de balas, na rua; viajasse com ela para a Grécia, onde se estabeleceram com um restaurante, vivendo sem a interferência e o dinheiro da família; a preocupada avó, mandou investigar a vida pregressa da moça, descobrindo que, quando criança, ao ser assediada por um homem, matou-o. No dia do casamento do neto, apresentou um vídeo com a revelação, entrevista com o delegado que atendera a ocorrência na época, armando um verdadeiro circo para caracterizar a moça como uma delinqüente, aproveitadora, que só estava interessada no dinheiro do neto. Sendo uma novela, os telespectadores tinham conhecimento de que a moça era apaixonada pelo rapaz, que não tinha qualquer interesse escuso e que, matara aquele homem em legítima defesa. Sabiam também da capacidade ardilosa da velha, do que era capaz e do que realmente fez. Na arte e na literatura, as tramas nos são reveladas, acabamos por conhecer a verdade, as manipulações e todo tipo de falcatrua maquinada pelos hipócritas. No entanto, na vida real, somos vitimados por esse tipo de pessoas, que nos prejudicam, sem que percebamos o que tramam contra nós, conseguindo seu intento, sem que desconfiemos de quem armou toda a trama.
Como saber se as boas pessoas que nos cercam, não pertencem a esse grupo de hipócritas, capazes das maiores falsidades? Eles são competentes nesse mister, usam todo seu talento para fazer parecer verdade as maiores falsidades. Quanto mais bondosas, solidárias e humildes forem as pessoas, maior a possibilidade de serem vítimas desses verdadeiros carrascos da humanidade.
O pior, é que tamanhas falcatruas, armações e todo tipo de safadeza, de que esses indivíduos são capazes; causam males terríveis, em troca de ganhos relativamente pequenos. É como matar uma pessoa para deixar de ver seu cabelo despenteado. Infelizmente esse tipo de pessoa não é tão rara e, na maioria das vezes, dificilmente identificável.
As pessoas de bem, em caso de dúvida sobre a culpa, preferem absolver um culpado do que condenar um inocente. As maldosas, não titubeiam em fazer o que for necessário para alcançar seus objetivos, sem a menor preocupação com quem vá pagar por isso. Na maioria da vezes, ao ser julgado, o hipócrita será beneficiado pela dúvida que consegue estabelecer, safando-se da condenação.

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